Oi amigas
Na última edição, antes de me enveredar pelas transformações sofridas pelo Look de Festival nos últimos anos, contei aqui que finalmente cheguei a uma fórmula eficiente e adequada ao meu jeitinho de curtir esses eventos, depois de quase 15 anos frequentando shows e festivais
Agora é hora de compartilhar o hit com vocês. Semana que vem tem C6 Festival, logo mais tem o MITA e daí pra frente é só pra trás. Thoughts and prayers para nossas lombares, panturrilhas e gargantas, e vamos que vamos.
A Top Shop princess and a rockstar too
Para mim, escolher o que usar para um festival é uma equação que envolve os seguintes fatores:
Conforto: estamos falando de um evento que dura muitas horas, nem sempre tem acesso fácil, demanda horas de pé, horas espremida em multidões, longas caminhadas e os momentos de descanso na maior parte das vezes se resumem a sentar no chão. Eu definitivamente não quero me ver nesse tipo de situação usando um jeans apertado.
Praticidade: por todos os motivos acima, os inconvenientes que cada situação envolve e o potencial que uma roupa tem para facilitar ou dificultar tudo. Não pode sujar ou estragar com facilidade (o desespero que me dá com as peças de redinha que enroscam em absolutamente tudo), não pode dificultar a mobilidade, não pode ter secagem difícil (tomar chuva é sempre uma possibilidade), não pode machucar, não pode ser difícil de tirar na hora de fazer xixi, não pode me deixar encanada se estou pagando peitinho ou calcinha na transmissão do Multishow.
Amplitude térmica: festival é esse evento amaldiçoado por deus que, independente da época, sempre vai sediar todas as estações do ano em seu line-up. Pode ter certeza que vai fazer muito calor, vai ter muito sol no começo, em algum momento vai chover e você sempre, sempre vai passar frio. O look escolhido, portanto, precisa dar conta dessas variáveis e se adaptar a todas elas sem atrapalhar (só quem teve que passar um dia inteiro segurando um casaco pesado ou precisou tirar uma blusa de frio num banheiro químico sabe do que estou falando).
Ser bonito: porque se sentir gatinha é um direito inalienável do ser humano. E porque festival de música é evento concentra a maior quantidade de pessoas que já beijei na boca nessa vida - mesmo estando na minha era Jorge & Mateus - Sosseguei, preciso estar apresentável.
Com um pouco de prática e autoconhecimento, qualquer pessoa é capaz de encontrar peças capazes de solucionar essas questões1 de acordo com seu gosto e estilo pessoal.
Para mim, hoje, a equação se resolve mais ou menos assim:
Saia midi
Sei que nem todo mundo gosta, mas é uma peça que eu amo e que já foge do óbvio quando o assunto é Look de Festival - ou seja, uma vez que ela está escolhida, já não preciso me esforçar muito com o resto. Para mim, sua maior vantagem é que posso sentar no chão tranquilamente, de qualquer jeito, e não preciso encanar com abordagens inconvenientes caso esteja sozinha. O comprimento da saia (que também pode ser um vestido) ajuda a proteger as pernas do vento mas, dependendo do modelo, é facilmente adaptável em momentos de muito calor (você pega as duas pontas e amarra de lado).
A saia é midi, não longa, para não sujar a barra e não ficar encostando no chão - uma questão de vida ou morte quando chove ou em espaços com terra ou grama. É saia, não calça (ou shorts), porque eu tenho muito nojo de banheiro químico e poder suspender a roupa em vez de abaixar na hora de fazer xixi traz um pouco de paz para o meu coração. E sim, eu já pensei muito sobre isso.
Percebi que a saia midi é a peça mais importante do meu look de festival de maneira empírica, quando me dei conta que tinha usado a mesma saia preta2 de tule para ir nuns três eventos em sequência. Depois disso passei em investir nas peças de forma mais consciente e ainda não encontrei algo melhor ou mais certeiro.
Camiseta
Nunca, jamais, da banda ou artista que você está indo ver.
Uma regra instituída pelo grande Marcelo Costa, do Scream & Yell, que, ao menos para mim, a essa altura da vida, é quase tão impossível e inútil de desafiar quanto fingir que não ligo pro Strokes. That’s the way it is. Acho que só saí da linha uma vez, no meu primeiro show do Wilco, onde usei uma camiseta que eu mesma fiz: t-shirt basicona da Hering com “HEAVY METAL DRUMMER” escrito com caneta de tecido. Show da sua banda favorita é a exceção permitida a toda boa regra.
Meu namorado - aquele que diz que se veste colocando sempre função sobre forma - construiu ao longo dos anos uma espécie de manual de instruções que orienta suas escolhas de Camiseta de Show. Já encomendei um guest post sobre o assunto, vamos ver se ele topa.
Tênis ou bota
Diria que é um ponto autoexplicativo, mas as papetes têm ganhado um espaço preocupante no universo do Look do Festival, um negócio que me deixa profundamente estressada.
Hoje eu tenho três sapatos titulares para usar em shows e festivais: um Adidas Superstar surrado, um coturno caindo aos pedaços e minha fiel botinha chelsea. Tenho orgulho de dizer que esse coturno esteve comigo na lama do Lollapalooza em 2013 e todo ano falo que irei aposentá-lo, mas simplesmente não consigo - para o terror da senhora minha mãe. Quando você encontra um sapato que pode confiar em termos de conforto e capacidade de enfrentar chuva e lama sem molhar suas meias, você fica com ele até ele se desfazer nos seus pés. Simples assim.
Só largo eles quando criar coragem para investir em wellies clássicas. Deus HÁ de prover.
Jaquetaça
Outro ponto crítico do Look de Festival é a escolha de um casaco apropriado. De acordo comigo mesma, a peça deve ser fácil de amarrar na cintura, resistente o suficiente para eventualmente servir de forro em momentos de descanso, ter bolsos em que você pode confiar e aquecer na medida certa. Esse último ponto é crucial: um bom casaco de show é aquele que você consegue usar no meio da multidão e manter o corpo aquecido sem suar, a melhor forma de se prevenir da famosa Gripe Pós-Festival.
Outro ponto relevante, ainda que não seja indispensável , é ser impermeável ou pelo menos te proteger de garoas finas. Há uns anos comprei uma parka justamente com esse fim e descobri da pior forma - na tempestade do Popload 2018 - que ela aguentaria no máximo um chuvisco. Ainda é o casaco que me acompanha em quase todos os shows e festivais, mas coloquei na minha lista de desejos para 2023 a aquisição de uma #jaquetaça corta-vento definitiva para parar de acessar o Clima Tempo diariamente nos 15 dias que antecedem qualquer evento a céu aberto.
Acessórios
O que não pode faltar para um Look de Festival completo e funcional:
Ecobag: sei que a moda entre o jovens é usar pochete e entendo o apelo, mas a ecobag facilita demais a vida. Apesar de grande ela é leve e maleável, fácil de carregar por aí. Uma boa ecobag cabe bastante coisa e é um jeito muito prático de ter à mão coisas que fazem falta num dia de festival, tipo garrafa de água, protetor solar, pashmina (vide próximo tópico) e lanchinhos rápidos se você é tipo eu que passa mal por conta de pressão baixa quando fica em pé por muito tempo.
Todo mundo vai pedir pra guardar o copo na sua bolsa e ninguém vai lembrar de pegar depois, mas isso é ótimo porque você sempre vai ter copos que não quebram para usar nas festinhas de casa, o que é excelente também para churrascos e ocasiões em que vai bem um copo reutilizável.
Pashmina: pashmina é só um jeito chique de dizer echarpe,
olha minha cara de quem colocaria cashmere num chão imundo de show.Independente da origem, para mim é o acessório fundamental, sou capaz de abandonar meu lugar na fila depois de horas só para pra voltar em casa e buscar a minha, caso esqueça.Aquecer o pescoço é um jeito muito eficiente de aquecer o corpo todo e se proteger do vento, o que costuma ser um problema em todo evento aberto. É fácil de carregar (se você vai de pochete é só amarrá-la na alça), esquenta mais que muita jaqueta jeans e ainda serve de canga improvisada. Costumo comprar em lojas de departamento (as da Renner são especialmente macias e quentinhas), mas em São Paulo você encontra com facilidade entre os vendedores da Paulista e ambulantes que ficam na porta do metrô. Os R$50 mais bem gastos da sua vida.
Meias 7/8: já deu pra perceber que eu me preocupo com frio, né? Sou uma pessoa que sente MUITO frio e meu carisma vai embora na hora quando bate aquele vento e não tenho como me proteger. Intankável. Outro truque excelente para vencer a amplitude térmica dos shows são as meias 7/8, já que você pode regular o comprimento de acordo com a própria vontade.
Normalmente saio de casa com as meias baixinhas e à noite, quando começo a sentir frio, puxo elas pra cima. Infinitamente mais prático o que uma meia calça e muito mais eficiente na hora de manter as pernas aquecidas, já que quase sempre estou de saia ou vestido. Alexa, toque Arctic Monkeys - Knee Socks por favor.
Capa de chuva: talvez o dilema mais complexo dos frequentadores de show. Tem quem ache inútil, tem quem gaste R$20 todo ano com medo das tempestades. Já estive dois lados e hoje confesso que prefiro ter do que não ter, mesmo que eu decida não usar na hora. Me dá uma segurança emocional saber que tenho abrigo contra a chuva. Enquanto não tirar o escorpião do bolso e investir na minha capa de chuva chique, seguirei usando as de plástico - que eu guardo depois de usar (na minha ecobag!) para aumentar sua vida útil, tipo uma avó faria com um papel bonito de presente.
Ser boba é fundamental
Aprendemos hoje que montar um Look de Festival significa construir uma produção que una conforto, charme, praticidade e bem-estar térmico. Mas, antes de fechar, acho importante incluir um último tópico: a bobeira, a diversão, a risadinha. No fundo, acho que é isso que diferencia um Look de Festival da roupa que usamos em qualquer outra ocasião da vida que demande um traje específico.
Shows e festivais de música nasceram não só como eventos de apresentações musicais, mas também como espaços de expressão pessoal, um local que encoraja a performance de identidade, seja ela qual for. Por mais brega que isso soe, para mim sempre foi também um lugar de muito pertencimento, ainda que hoje esse sentimento seja confrontado por outros menos fofos, numa eterna contradição. Eu não cresci cercada por pessoas malucas por música e nem mesmo na faculdade encontrei semelhantes que dividissem esse parafuso solto comigo. Os momentos em que eu viajava para ver algum show por muito tempo foram os únicos do ano em que me via num espaço em que as pessoas ao meu redor falavam a mesma língua que a minha.
Hoje, felizmente, já não é mais assim: tenho muitas amizades que nasceram por causa de shows, romances idem. Ainda assim gosto de me vestir para a ocasião, uma coisa meio ritualística, e meu jeito de acessar esse lugar quentinho de pertencimento é trazer na minha roupa algo que remeta de alguma forma à banda ou artista que vou ver. Não é como se eu me fantasiasse, mas é quase.
Ano passado vi um festival de música na Europa pela primeira vez. Foi a coisa mais chique que já me aconteceu e eu não fazia a MENOR ideia do que usar. A saída para decidir foi pensar em roupas que combinassem com o artista que eu mais queria ver em cada noite. As inspirações finais foram: all black (Nick Cave), Winona Rider em Reality Bites (Pavement) e piranha chique3 (Pabllo Vittar).
O próximo grande evento da minha agenda é o festival MITA, onde vou para ver Haim e Florence + The Machine. Ainda não sei como combinar o normcore das minhas irmãs com a vibe de fada da cantora Florence, mas conto para vocês quando descobrir a resposta.
Me marquem nas fotos dos seus looks de festival futuros, vou adorar ver!
Um beijo,
Anna
Lembrando que essas são as MINHAS questões e prioridades, você pode ter outras. O importante é entender quais são as SUAS questões e prioridades para fazer escolhas acertadas.
Minha avó tem uma saia (também midi) que ela sempre usa quando vai viajar. Anos atrás, quando ela viajava quase todo mês para visitar meus primos bebês em outro estado, ela costumava brincar que já era conhecida pelas pessoas da viação como a “véia da saia jeans”. Espero que um dia eu seja conhecida na #cena como “véia da saia colorida”.
Infelizmente o vento gelado do Parque da Cidade do Porto inviabilizou minha produção de piranha chique, mas acho que minha saia de tule alaranjada, comprada especialmente para a ocasião, deu conta do recado.
Querida amiga, também estou MUITO em crise sobre como fazer um look que funcione para Florence e Haim (e me faça sobreviver a todos os extra extra extra perrengues que passarei pois estarei no mood fãzoca). Não ajuda que eu me preocupe muito mais com calor do que com frio (risos!)... Estou tendendo a uma releitura do lookinho biquininho das meninas, pelo menos no RJ. Mas vamos ver!
Av, combinar a parte de jaquetinha com a capa de chuva é fundamental. Eu tenho um casaco que nao é sobretudo, nem trench coat, mas que serve disso. Ele ainda é dupla face e está há 10 anos comigo, comprei em BsAs e nao sei o que vai ser da minha vida se um dia ele se desfazer. Me protege da chuva, protege dos ventinhos mais gelados e é fácil de amarrar na cintura. Mais prático que levar casaco + capa.
Eu sou muito do time praticidade também.