Oi amigas
Que bom ter vocês aqui! Obrigada por terem topado mais uma cilada comigo.
A
e a sugeriram que eu importasse para cá a base de seguidores da minha outra newsletter, a , e deixasse cada um decidir se deseja continuar ou não. Mas percebi que não me sentiria muito confortável nessa configuração e provavelmente olharia os nomes de todo mundo que cancelou a assinatura, algo que lembraria sempre que estivesse me sentindo boba ou insegura. Construir uma audiência do zero é certamente mais difícil, mas gosto de saber que quem está aqui realmente escolheu estar. Essa é uma newsletter em que o termo “construir uma audiência” não tem espaço.Eu não faço a menor ideia de como esse projeto vai funcionar, não tenho plano nenhum, apenas vontade. Aquela vontade de comprar um caderno novo e puxar conversa, sabe? Também não pensei num vocativo adequado e autoral para me referir a vocês, mas gosto da ideia de começar essas mensagens com “oi amigas”, porque é basicamente assim que começo todas as minhas conversas. Oi amiga. Oi amigas. Ai amiga.
Seja você menina, menino ou menina, somos todas amigas aqui. E para selar essa amizade que está nascendo, vou compartilhar com vocês um pouco da minha trajetória nesse universo de beleza.
Existem duas referências muito fortes no meu imaginário quando penso em rotina de skincare: a primeira são os anúncios das linhas de cuidados com a pele em 3 passos que a L’oreal e a Clean & Clear tinham para adolescentes. Eu via essas propagandas na Capricho e queria muito ter logo a idade certa para usar aqueles produtos. Fui uma leitora precoce da Capricho, era criança ainda, então os 16 anos - idade recomendada nos anúncios - pareciam muito distantes.
A linha Pure Zone da L’oreal já não era mais a mesma quando, enfim, cheguei na adolescência, mas usei o tônico adstringente da Clean & Clear com o qual eu tanto sonhava - e ele me ENCHEU de espinhas. Ainda assim, lembro até hoje do cheirinho e da sensação de passá-lo na pele, puro álcool e fritação que para mim mais parecia um batismo de sofisticação. Tem um vídeo maravilhoso da Julia Petit em que ela fala que às vezes tudo que a gente precisa é de um tônico cheio de álcool pra tacar no rosto e se sentir bem, e poucas vezes me senti tão vista e validada por um conteúdo.
Outra referência é a minha mãe, a maior usuária de Renew que existe nesse país. Minha mãe nunca teve muita disciplina com rituais de autocuidado, mas sua relação com Renew é sagrada e lembro de ver esses potes de creme na pia do seu banheiro desde que me entendo por gente. Para mim, até hoje, o Renew representa a epítome da mulher adulta, esse arquétipo que traz um pouco de glamour e mistério onde a gente costuma colocar nossas mães e que parece que nunca vai chegar pra gente, independente da idade. Até hoje nunca tive coragem de comprar um Renew pra mim, cês acreditam?
Minha mãe sempre me disse que a melhor coisa que fez na vida foi começar a usar Renew desde cedo, logo que se casou, por isso até hoje ninguém acredita na idade que ela tem. Não vou entrar aqui em discussões políticas, sociais e filosóficas sobre o que esse pensamento significa, todo mundo aqui assina a newsletter da
, certo? Para esse texto, o que importa é que no meu aniversário de 22 anos ela disse que foi naquela idade que comprou seu primeiro Renew e eu senti um baque. Não por achar que estava ficando velha (eu achava que estava ficando velha), mas porque aquele parecia um símbolo Adulto demais para a princesinha happy free confused and lonely in the best way que eu sentia que era naquela idade.E era mesmo, bless my little heart.
Foi também nessa época que a internet começou a falar muito sobre skincare, graças ao boom da beleza coreana e sua famigerada rotina de 8 ou 10 passos que virou tendência nos Estados Unidos. Aí decidi que queria ter uma rotina de skincare também. Só que eu tinha zero disciplina, pouquíssimo dinheiro e cultivava um certo terraplanismo que me fazia acreditar que produtos para a pele me faziam mal. Plot twist!
Explico: minha grande decepção com a chegada na adolescência foi ter tido péssimas experiências com skincare - logo eu, que tanto sonhei com esse momento. Não tive acne nessa fase, mas tinha MUITOS cravos no nariz e nas costas1, e foi nesse contexto que visitei uma dermatologista pela primeira vez. No entanto, a impressão que tinha era que os produtos sempre deixavam minha pele pior, fenômeno que se repetia sempre que eu inventava de testar alguma coisa.
Foi só com 22 anos anos que entendi que isso rolava porque eu não tinha uma rotina de cuidados adequada e padecia do Medo do Hidratante, fenômeno comum para quem cresceu nos anos 90 e 2000 e foi assombrada pelo discurso antioleosidade da época2. Quando entendi, no fundo do meu coração, que não adiantava nada lavar o rosto todo dia sem hidratar, e que era isso que fazia as espinhas aparecerem, minha vida mudou. Hoje parece algo extremamente óbvio, mas juro que foi uma lição revolucionária.
No fim, um hábito puxa o outro: se você entende que precisa usar hidratante, logo, você precisa se acostumar a limpar o rosto todos os dias para tirar os produtos. E assim vai construindo seu castelo.
Para me ajudar com a disciplina e me blindar contra o consumismo, fiz alguns tratos comigo mesma:
Só posso inserir uma nova categoria de produto na minha rotina quando tenho o básico estabelecido - limpeza, hidratação, proteção solar;
Só abro um produto novo quando um usado chega no final;
Uso tudo até o fim, mesmo que não goste, a não ser que esteja fazendo realmente mal para minha pele. Se não usar até o fim, tenho que doar.
São meus mandamentos até hoje e vivo bem com eles. É o que eu recomendo sempre que alguém me dicas sobre como entrar nesse universo sem se perder e é desse lugar que espero compartilhar as coisas que gosto com vocês. Sei que beleza e autocuidado são temas muito carregados culturalmente, socialmente, politicamente, mas existem alguns momentos mágicos em que consigo me descolar de tudo isso e só me divertir com coisas bonitas cheirosas.
É esse espaço que gostaria de construir aqui, por isso o nome, Boudoir da AV. Espero que vocês gostem e sintam como se estivessem na casa da Dita Von Teese fuçando na coleção de perfumes dela. Sem pressão, sem fotos boas, sem crise.
Compartilha comigo uma memória antiga de beleza? Vou adorar saber!
Um beijo,
Anna
Os cravos nas costas sumiram, mas os do nariz seguem aqui. Menos que na adolescência, mas firmes e fortes. Hoje me considero prova viva de que skincare, sozinho, não resolve esse problema. A última esteticista que visitei disse que só fazendo limpeza de pele de seis em seis meses pra resolver. Decidi conviver com isso.
Sou obcecada por esse tema e foi pra puxar esse tipo de conversa fiada que criei essa newsletter. Continuem por sua conta em risco.
Ahhh, minha mãe foi a rainha da Nivea, usava o Nivea de latinha azul sempre. Na mesma categoria da sua mami, ela fez 70 anos com carinha de 60 (contém crítica mas não vamos entrar nessa discussão né), e é a minha referência suprema de sucesso de skincare ao longo de dé-ca-das.
Imitando-a, eu limpava o rosto com o Leite de rosas dela e me sentia no auge da beleza, removendo todas as impurezas e depois me impressionando com a cor que ficava o algodão. Sei lá se é recomendado mesmo pro rosto, mas eu me sentia mais bonita logo em seguida. Mamãe agora usa água micelar no rosto, mas ainda tem o Leite de rosas dela de desodorante, como a senhorinha maravilhosa que ela é.
Suas regrinhas de uso são perfeitas e eu assino embaixo! Quero aprender mais sobre skincare e produtinhos com você, no geral sou preguiçosa para vídeos e monotemática com as marcas que uso (quase tudo The Body Shop até um mês atrás, quando fiz uma compra na Simple Organic por indicação da Irena). Ou seja: ansiosah pra ser cosmeticamente influenciada por você!
Eu também sonhava com o tônico da Clear & Clear. E tive a mesma experiência ruim. Minha pele é mega sensível e o dermato que eu passei só fez me passar amostras de protetores solares genéricos.
Atualmente meu skincare (risos) e resume ao Effaclar da Lá Roche Posay ou Loção de Limpeza da Cetaphill - únicos que não me deixam vermelha, para a tragédia do meu salário. Mas a esperança é a última que morre...
Animada pra te acompanhar em mais um canal :)
Tu pode escrever até panfleto de supermercado que eu vou gostar de ler.
Beijo e sucesso, amiga.
PS: tá bom, vou começar a usar hidratante